14/12/2020

A MÁGICA DO NATAL

Autor: João Batista Ericeira sócio majoritário de João Batista Ericeira Advogados Associados

O canadense Barry Stroud compareceu ao 16º Congresso da Associação Nacional de Pós- Graduação em Filosofia, realizado em Campos do Jordão, entre 27 e 31 de outubro passado, na ocasião, discorreu sobre as agruras da existência no mundo de hoje, em que as pessoas só pensam em ganhar o máximo de dinheiro, em consumir mais e mais. Lançam-se em individual e competitiva carreira pelas posses materiais. Não dispõem de tempo para a reflexão e o usufruto do cultural e do espiritual, enfim, esquecem-se de buscar a felicidade.

Ao ler as palavras do filósofo da Universidade da Califórnia, envolvido pelo clima natalino, recordei os versos de Assis Valente: “Anoiteceu, o sino gemeu/E a gente ficou feliz a rezar/ Papai Noel, vê se você tem/ A felicidade pra você me dar”. Considerada a mais popular música brasileira de natal, escrita pelo compositor baiano em 1932, retrata o profundo desejo do ser humano de ser feliz, que se faz presente na trajetória da espécie pela terra, subsistindo nas culturas do Ocidente e do Oriente, perpassando as épocas.

No mesmo final de outubro, o papa Francisco, pronunciou significativo discurso na Pontifícia Academia de Ciências, instituição do Vaticano que congrega 80 cientistas do mundo inteiro, dentre eles, os brasileiros Miguel Nicolelis e Vanderlei Bagnato. Seus membros dispõem de ampla liberdade para desenvolver pesquisas e divulga-las, ainda que as conclusões contrariem a doutrina oficial da Igreja Católica.

O discurso do papa na Academia contemplou questões como a origem da Terra, do homem, e da sua eterna busca da felicidade. A origem do planeta teria sido a explosão primordial que lhe deu origem, chamada de Big Bang, enquanto o homem descenderia de ancestral comum, produto de lenta evolução, determinada pela seleção natural. O pontífice conciliou a doutrina católica com a biologia de Charles Darwin, que tantos problemas gerou aos religiosos cientistas que a defendiam, como o jesuíta Teilhard de Chardin, compatibilizando-a com a teologia. Nessa acepção o evolucionismo darwinista e a explosão inicial foram instrumentos do Criador para possibilitar que o Cosmo e o ser humano atingissem suas potencialidades, sua realização, em outras palavras, a felicidade.

Logo, adiantou o Papa: “ele os criou e deixou que se desenvolvessem de acordo com as leis internas que estabeleceu para cada um deles”. Também significa dizer, todos estão destinados a felicidade, e completou: “ com o seu potencial para o bem ou para o mal, eles poderão proteger ou destruir a criação divina. ”

Francisco utilizou-se por fim da imagem retórica: “Deus não criou o Universo com vara mágica”. De acordo. Mas permitiu que pudéssemos ser mágicos. O maior de todos, o seu bem-amado filho, Jesus Cristo, é o responsável por todas essas luzes, pela felicidade de todas as crianças, pela alegria dos pobres e dos pecadores. Quem poderia operar maior mágica: fazer os homens sentirem-se irmãos, acreditarem na paz, no amor, na solidariedade.

A Academia de Ciências do Vaticano discutiu este ano a evolução do conceito de natureza. Substituiu o antigo, de formulação estática e adotou o dinâmico, em constante mutação, concordando com a ciência moderna e algumas filosofias religiosas.

Quando todos atingirem as suas potencialidades, serão felizes, então, a Terra será melhor. As religiões serão unificadas, os estados reunidos em um só, e prevalecerá a lei do amor. Os seres humanos se autogovernarão.  É sonho, é ilusão? Não. Tudo é possível quando somos inebriados pela mágica do presépio e pelas esperanças por ele despertadas. Feliz natal. Que Jesus opere a mágica do amor em nossos corações.    

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