28/11/2017

O Rio Continua Lindo

Autor: João Batista Ericeira é professor universitário e sócio majoritário de João Batista Ericeira Advogados Associados

O Rio de Janeiro enfrenta crise sem precedentes em sua história. A Procuradora Geral da República afirmou tratar-se de uma terra sem lei. Os serviços públicos essenciais inviabilizados, os servidores e aposentados com vencimentos e proventos atrasados. Três ex-governadores recolhidos a presídios, enquanto pululam novos esquemas de corrupção. O que aconteceu? A antiga capital do Império e da República era o principal centro da vida política, social e cultural do país. A mudança da capital para Brasília em 21 de abril de 1960, iniciou a longa agonia do esvaziamento, incluindo o econômico, atravessando vários ciclos. Tentou-se atenuar criando o Estado da Guanabara, depois veio a fusão, no governo Ernesto Geisel, em todos eles as vértebras da economia foram sucessivamente quebradas. A florescente indústria naval, o porto, tudo foi paulatinamente reduzindo.

Começou a se acreditar na salvação pela panaceia do petróleo. Apareceram espertalhões travestidos de milionários, buscando tirar proveito de soluções miraculosas. Durante o regime autoritário, a política estadual era comandada por Chagas Freitas, do MDB, integrante da chamada oposição consentida. Antes, o Rio dera o último suspiro de reação ao regime, elegendo Negrão de Lima, ligado a Juscelino Kubitscheck, mas também a Castelo Branco. Em seguida, veio a eleição indireta, o caciquismo e o clientelismo potencializados, condutores inevitáveis da corrupção entranhada nos organismos do Estado e da sociedade.

As causas estão na economia, na política, na falta de planejamento regional, que desse ao Rio, tanto a unidade federada quanto a cidade, o papel que sempre exerceram desde os tempos coloniais. Perdeu as regalias de capital nacional, e progressivamente lhe foram subtraindo as condições para progredir em continuado processo de desenvolvimento. Ao lado disso foi entregue a uma classe política unicamente interessada em perpetuar-se no poder às custas da utilização da máquina estatal, da exploração de suas vísceras, de forma oportunista, como nos casos da Copa do Mundo e das Olimpíadas. 

Acreditando na impunidade os chacais do saque exageraram, comprometeram por inteiro a saúde financeira do Estado. Na pilhagem envolveram os três poderes da administração pública e os órgãos de controle de contas, criaram o clima de que todos suspeitos até prova em contrário.  Mas o Rio de Janeiro tem e merece lugar especial na visão de um projeto nacional. O Brasil não terá rumo se o Rio não o tiver. O que falta a unidade da federação e ao país é a definição de projeto estabelecendo a organização de do Estado nacional, as suas funções, os serviços que devem ser prestados à sociedade; a redefinição do pacto federativo e tributário.

É o que o Brasil reclama na atual conjuntura. Ano que vem teremos eleições gerais, entre elas, a de Presidente da República. Nomes já começam a despontar na mídia, outros surgirão. Aos pré-candidatos se deve fazer a indagação central: qual o seu projeto de país. Quais as mudanças que preconiza para o Estado Nacional e as suas funções?  O eleitorado não aceitará as promessas mirabolantes, mágicas, que os salvadores costumam apresentar com a ajuda de marqueteiros durante a propaganda eleitoral, objetivando a conquista fácil do voto.

Pela condição de centro cultural, é o lugar onde se realizam filmes e novelas de televisão, assim como os norte-americanos fazem com Nova Yorque.  O Rio é uma cidade que conquista os corações pelas belezas naturais, é lugar comum dizer-se que a natureza lhe foi generosa. Lugar onde o samba, principal expressão da música popular brasileira, floresceu, entre os gêneros musicais, a bossa nova, que universalizou a nossa música, tornando-a consumida no mundo inteiro.

Outro produto cultural que teve o Rio como principal celeiro, o futebol, os seus times têm torcida em todo o país, ali, nasceram ou cresceram atletas amados pelos torcedores, verdadeiros ídolos do principal esporte do povo brasileiro. Somos todos cariocas, solidários com o seu povo, parafraseamos os versos de Gilberto Gil, o Rio continua lindo na paisagem humana e geografia, e com certeza sairá engradecido após a superação dessa crise.     

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