17/09/2015

Ousadia na advocacia

Autor: Thiago Brhanner - Advogado e membro do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/MA

Recentemente, escutei de um Magistrado — não com um tom de elogio — que sou “muito ousado”. Pensei, refleti, e concluí: de fato o sou, ou o pretendo ser.

Esse episódio, apesar de isolado, apenas expõe o quão pequeno pensamos (de todos os lados) e consequentemente ofuscamos a verdadeira preocupação que devemos ter.

Em tempos de eleição da OAB Maranhão, é colocada em discussão a atuação e a importância do advogado na sociedade. Seus, deveres, obrigações, prerrogativas, sua função social, etc..

De tanto que já se bateu na tecla, já é repetitivo, mas nunca desnecessário, mencionar que “o advogado é indispensável à administração da justiça” (art. 133, da CF).

Por certo, é pela via do advogado que o cidadão tem acesso à Justiça, que é o último caminho para a entrega do direito daquele que se vê em situação de desamparo diante de uma ilegalidade e da evidente falência das instituições brasileiras.

E como “cavaleiro da esperança”, apesar de não munido de armas bélicas como Luis Carlos Preste, não basta ao advogado criticar, apontar erros e transformar a discussão entre as carreiras jurídicas em uma eterna disputa que em nada prestigia e valoriza os jurisdicionados (cidadãos).

Na verdade, apesar de tudo que ao longo da história tenha sido feito a respeito, parece ser senso comum a necessidade de uma convergência entre as classes, especialmente no ambiente jurídico, a fim de construir soluções práticas para o aperfeiçoamento das instituições democráticas, de modo que esse movimento, que precisa ser iniciado, represente uma melhoria dos serviços prestados aos cidadãos, em especial aqueles oriundos do Poder Judiciário.

E esse diálogo certamente deve ser ousado, no sentido de que demonstre arrojo, inovação, bem assim seja destemido, corajoso, e não ocorra de forma insolente, nunca se deixando de demonstrar o devido respeito pelos outros.

E diz-se ousado, porque essa certamente é uma virtude que deve ser característica do advogado e da advocacia, pois na atual situação em que se encontra a atividade jurisdicional não se pode deixar de ter a coragem de chamar à mesa as instituições para a construção de saídas desse fosso em que todos, sem exceção, nos encontramos.

Historicamente, a OAB sempre esteve à frente na condução da discussão acerca dos problemas sociais brasileiros. Nos últimos anos, é bem verdade, não é segredo que a OAB, em especial no Maranhão, vem capitaneando os principais debates políticos e sociais, e essa postura reconhecida pela sociedade deve ser fortalecida sempre mais e mais.

Afinal, segundo o Instituto Datafolha, em pesquisa ampla em todo o território brasileiro, onde foram ouvidas mais de duas mil pessoas em 135 municípios, a OAB é uma das instituições com maior credibilidade junto à população brasileira.

Na pesquisa, 66% dos escutados disseram confiar na OAB. Comparativamente a 14 instituições, apenas as Forças Armadas ficaram à frente com a confiança de 73% da população.

sses dados, longe de fomentar conformismo, servem para alimentar e dar mais legitimidade à advocacia como uma das protagonistas do processo democrático.

Portanto, a mensagem que deve ser absorvida por todos é a de que não há mais espaço para disputas entre as classes, com acusações recíprocas, chutes em portas e discussões inócuas que apenas atravancam a prestação jurisdicional.

Enfim, se é senso comum que todos precisam avançar, com a melhoria das condições de trabalho para todos, e que, efetivamente, ninguém está “com o burro na sombra”, é mais que evidente a necessidade de formação de mesas de debates com o objetivo único de congregação das carreiras jurídicas, para o fim de discutir mecanismos de avanço social.

Assim, como a ousadia é um elemento fundamental para o pontapé deste processo, não se pode ter medo, nem mesmo se furtar em ser ousado e não baixar a cabeça às adversidades que ora são enfrentadas.

Isso porque, muito acima dos interesses pessoais de cada operador do direito está a promoção dos valores do Estado Democrático de Direito, que se refletem objetivamente na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo Poder Judiciário, que tem como beneficiários principais os cidadãos.

 

Receba nosso informativo

Receba semanalmente as principais notícias sobre a advocacia do Maranhão.

Cadastro efetuado com sucesso.