08 Maio - 2012

Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA denuncia violência sofrida por população indígena Guajajara

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, do Conselho Indigenista Missionário, da Secretária de Igualdade Racial do Estado e da Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos realizaram, uma Coletiva de Imprensa para denunciar casos de violência sofrida por indígenas da etnia Guajajara.

 

Representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Secretária de Igualdade Racial do Governo do Estado e da Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos realizaram nesta segunda (07/05), uma Coletiva de Imprensa para denunciar graves violações aos diretos humanos sofridas por indígenas da etnia Guajajara, do Território Indígena Cana Brava, que abrange os municípios de Grajaú, Barra do Corda e Jenipapo dos Vieira. A coletiva contou com a presença da vice-presidente da OAB/MA, Valéria Lauande, no exercício da Presidência.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Luís Antônio Pedrosa, classificou como “omissão das autoridades” os constantes casos de violência contra indígenas. E alertou que a denúncia tinha como objetivo solicitar providências, evitando a interdição total da BR 226, por parte dos índios, cujos 22 quilômetros cortam o território dos Guajajara. Ao ser questionado sobre as características de crimes de pistolagem na região, Pedrosa confirmou e enfatizou: “A pistolagem nunca foi extinta neste Estado e precisa ser enfrentada com coragem, sem escamotear este debate. E precisa ser combatida com rigor, com o aparelhamento do sistema de segurança pública do Maranhão”.

Rosana Diniz, representante do CIMI, explicou que a violência nesse território indígena é histórica e que as acusações de que os indígenas “vendem maconha” não justifica tais crimes.

ESTATÍSTICAS DE MORTE - Somente entre os meses de março e abril deste ano, foram assassinados brutalmente três indígenas. No dia 2 de março, Maria Sara Gregório Guajajara, 13 anos, foi morta por seu companheiro não indígena, na cidade de Grajaú, vítima de estrangulamento. No dia 9 de março, Francisco da

Conceição Souza Guajajara, 34 anos, agente indígena de saúde, foi executado com quatro tiros na cabeça na porta de sua casa, por dois homens numa moto, na cidade de Grajaú. No último no dia  28 de abril, a cacique da aldeia Coquinho II, Ana Amélia Guajajara, de 52 anos, foi executada com dois tiros por pistoleiros. Outro caso, o assassinato de Francisco da Conceição Souza Guajajara, provocou revolta na população. Ele foi baleado por volta das 18:30h e ficou agonizando no Hospital da Cidade de Grajaú até às 23h quando uma ambulância o levou para Imperatriz, distante  190 km, onde morreu por volta de 1h da madrugada do dia 29/04.

Durante a coletiva, o jornalista Zema Ribeiro, da Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, chamou atenção para outras questões, que agravam o quadro de violência, como a falta d´água e de saneamento básico. A informação foi confirmada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Luís Pedrosa: “Nós fomos à aldeia e ficamos estarrecidos. Eles estão há 7 anos sem água potável. A água contaminada parece um café, de tão suja”.

Durante a coletiva, foi relatada uma situação de calamidade, com índios pedindo esmolas, jurados de morte por traficantes, assaltantes e casos de estupro, ocorrendo impunemente na região. "Indígenas pedindo esmolas nas ruas é o retrato da miséria social a que forma relegados", comentou Pedrosa.

 

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