16 Agosto - 2012

Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA vai acompanhar caso de padeiro que foi torturado por policiais militares e morreu

Segundo a irmã da vítima, o padeiro foi torturado nas dependências da delegacia de polícia em Maracaçumé

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Antônio Pedrosa, recebeu nesta quinta-feira (16/08), na Sala das Comissões da Seccional, familiares do padeiro Celias Tavares Pereira, que na madrugada do dia 19/07 foi preso e torturado nas dependências da delegacia de polícia da cidade de Maracaçumé, por policiais militares. Celias faleceu, em São Luís, no dia 11/08, sábado, e a família exige o afastamento dos PM’s envolvidos na prisão e tortura.

De acordo com o relato da irmã de Celias, Maria das Dores Tavares Pereira, no dia 19/07, o padeiro teria tido um ataque de sonambulismo, indo parar na casa de uma vizinha, de nome Paula. “Ele chegou pedindo socorro e dizendo que estava sendo perseguido. Assustado e querendo ajudar, outros vizinhos ligaram para a polícia pedindo ajuda”, conta.

Quando os policiais chegaram, o padeiro encontrava-se desacordado, mas mesmo assim foi colocado na viatura da PM. Os vizinhos também teriam telefonado para familiares de Celias informando sobre o ocorrido. Quando o avô dos filhos de Maria das Dores, Raimundo Orlando Mendonça, foi à delegacia de Maracaçumé para saber noticias, o rapaz apresentava várias marcas de espancamento pelo corpo e um olho roxo e bastante inchado. “Ainda levamos meu irmão para o hospital de Nunes Freire, mas ele estava muito mal, então, resolver vir para São Luís”, relata a irmã.

Em São Luís, familiares de Celias teriam buscado atendimento no Socorrão II, na Cidade Operária. Lá, após medicação, o padeiro foi liberado. Ainda sentindo fortes dores na região do fígado e abdômen e dizendo que os policiais o fizeram ingerir água com gasolina o rapaz foi levado para o hospital UDI, onde foi diagnosticada insuficiência renal aguda.

Celias ficou na UTI do hospital, mas como a família não tinha condições financeiras, foi tentada uma transferência para um dos Socorrões da Prefeitura de São Luís ou uma das UPA’s do Governo do Estado. “Ele ficou 21 dias sofrendo, até que veio a óbito dia 11/08. O laudo médico determinou que a causa da morte foi falência múltiplas dos órgãos e edema cerebral”, conta Elton Tavares Pereira, irmão da vítima.

A tortura que resultou na morte do padeiro teria sido cometida pelos policiais militares lotados em Maracaçumé, identificados como Francisco Filho e Neto. A família procurou o titular da delegacia onde ocorreu o fato, delegado Murilo Tavares Pereira, que informou desconhecer a prisão de Celias. “Não há qualquer registro da prisão. Agora, ele diz que trabalha na apuração dos fatos, mas os policiais que fizeram isso com meu irmão continuam lá, não foram afastados, e ainda estão intimidando os vizinhos que viram como meu irmão entrou na viatura sem qualquer marca no corpo e não entendem como ele pode ter morrido”, denuncia Elton Tavares.

Após ouvir os relatos dos irmãos de Celias Tavares, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA, Antônio Pedrosa, disse que vai acompanhar o caso e pedir a designação de outro delegado, a Superintendência de Polícia Civil do Interior, para acompanhar as investigações em Maracaçumé.

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