28/05/2020

O SEMEADOR DE UNIVERSIDADES

Autor: João Batista Ericeira é sócio majoritário de João Batista Ericeira Advogados Associados

Após receber a notícia do falecimento do professor José Maria Cabral Marques, acorreram-me os fluxos de memória que registro nestas breves anotações: o conheci frequentando a casa do meu tio, Cônego Antônio Bonfim, então Diretor da Faculdade de Filosofia e um dos batalhadores pela criação da Universidade Federal do Maranhão. Era um adolescente, e percebia que aluno do meu tio, e monitor na disciplina Pedagogia, Cabral apostava na carreira docente, ainda que funcionário da Previdência - IAPI. Bonfim o incentivava, inclusive indicando-o para uma bolsa de estudos na Alemanha. Seu vice-diretor, era o Professor José Maria Ramos Martins, que viria a ser reitor da UFMA, antecedendo Cabral.

Em seguida, a partir de 1966, José Maria Cabral Marques exerceria cargos no governo estadual, na gestão de José Sarney: secretário de administração, da educação. Nesta pasta se destacou pela inciativa de projetos inovadores como as “Escolas João de Barro” e a TV Educativa. No ensino superior criou a Escola de Administração, as escolas de engenharia, civil, agronomia e medicina veterinária, depois agrupadas na Federação das Escolas Superiores do Estado, depois UEMA.

Volto a reencontrá-lo em 1979, dois anos antes havia prestado concurso para Auxiliar de Ensino do Departamento de Direito, cargo inicial da carreira docente e me afastado para o mestrado na Universidade de Brasília. Recém-chegado no mês em que Cabral assumira a Reitoria, dele recebi o convite para assumir “pro-tempore” a Chefia do Departamento. Alegou para tanto a amizade que tinha por meu tio e a confiança em mim depositada.

Argumentei ser muito jovem e precisar do respaldo dos integrantes do órgão acadêmico, além do prazo para a apresentação da minha dissertação de mestrado. Pedi-lhe tempo para fazer consultas, dentre elas, a de Agostinho Marques e José Maria Ramos Martins, este último também um discípulo de Bonfim.

Recebi o apoio do Colegiado e em especial de Agostinho Marques e José Maria Ramos Martins que foram trabalhar comigo no Departamento de Direito. Em um ano e meio desenvolvemos o ousado “Programa de Estudos Avançados em Ciências Jurídicas”, reformulando a graduação, instituindo a pós-graduação, a pesquisa, como consta do livro “Uma História sobre o Discurso Jurídico Crítico no Maranhão”, de Renata Cordeiro Barros, publicado pela EDUFMA em 2015.

Devendo-se salientar o apoio do Reitor José Maria Cabral Marques a esse trabalho inovador, como foi em tantos outros aspectos da vida acadêmica, dentre elas, a extensão, as relações internacionais e a interiorização dos campi universitários.

Infatigável, após a aposentadoria na vida pública, encetou outros projetos no ensino à distância e a criação da Universidade CEUMA. Era um educador por excelência, um semeador de universidades.

Dele se pode dizer em coerência a sua fé católica: travou o bom combate e manteve a fé.

Receba nosso informativo

Receba semanalmente as principais notícias sobre a advocacia do Maranhão.

Cadastro efetuado com sucesso.